Clássicos do Cinema - 1971Filme baseado na novela (quase) homônima de Thomas Mann (na realidade, o nome correto da obra é "A Morte em Veneza"), considerada o modelo da novela perfeita, mostra-nos o compositor Gustav Aschenbach (Dirk Bogarde) o qual, após terminar uma obra que lhe consumiu todas as energias, físicas e psíquicas, parte em férias para a Itália em busca de repouso. Aschenbach é um homem que optou pelo lado apolíneo da vida: a racionalidade, o predomínio da mente, acima de tudo, tendo "contido e esfriado as emoções", nas palavras de Thomas Mann. Um dos temas principais de Mann sempre foi o do conflito entre a carne e o espírito, tendo sido influenciado por Nietszhe e Schopenhauer. Mas o encontro inesperado com alguém de rara beleza vai inspirar Aschenbach a se entregar a uma paixão oculta que pressagia um trágico destino. O filme tem muitas falhas, especialmente a preponderância - típica de Luchino Visconti - do elemento de homossexualismo na relação - apenas mental, tudo ocorre apenas na mente de Aschenbach, em virtude de tê-la extremamente afiada, em detrimento do corpo - entre o escritor e o menino polonês Tadzio que, modelo perfeito da extrema beleza carnal, despertará no escritor alemão o lado sensorial, há muito adormecido. Apesar disso, temos extraordinárias interpretações de Dirk Bogarde, Bjorn Andresen, Silvana Mangano, entre outros, tudo abrilhantado pela maravilhosa música de Gustav Mahler. Apesar de suas obsessões pessoais e da equivocada transformação de Aschenbach em músico (no original, Aschenbach é um escritor, um intelectual superior, algo muito mais compatível com a opção apolínea, racionalista, adequado à cosa mentale, representada pela literatura), Visconti, servindo-se da extraordinária novela de Mann, criou uma obra perturbadora. O filme é um excelente retrato visual da obsessão, da decadência, da beleza e da mortalidade. Visconti consegue, com sua reconhecida capacidade em décor, colocar-nos naquela ambiência da Europa pré-1914, a Belle Époque. Visconti leva-nos numa viagem assombrosa por Veneza, transformando cada cena numa pintura mágica. A beleza de Tadzio (B. Andresen), a quase inexistência de diálogos, os pensamentos perturbadores de Gustav Aschenbach e a música envolvente e emocionante de Mahler inebriam-nos o espírito, fazendo-nos viajar para dentro de cada uma das personagens, numa tentativa de captar-lhes a integridade, representativa da inteireza humana: bela, contraditória, trágica e, às vezes, mortal...
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2 comentários:
Esse, apesar dos deslises apontados por Alborges, é realmente um clássico da telona e merece ser visto. Aproveitem!
O Megaupload foi fechado, há outro link??
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