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domingo, 23 de agosto de 2009

Taxi Driver


Clássicos do Cinema - 1976
Travis Bickle (Robert DeNiro), após ter regressado da guerra do Vietnã, arranja emprego como taxista em Nova Iorque, cidade que espelha como nenhuma outra o reflexo da podridão latente numa sociedade heterogênea e governada pela violência e por negócios corruptos arquitetados nas noites escuras, frias e degradadas. Ao longo do filme é transmitida aos espectadores uma sensação de desilusão do "sonho americano", seja lá o que for ou tenha sido este chamado sonho. Para muitos, significaria a construção de uma sociedade diferente e melhor que as outras. Esta desilusão chega ao público através da visão do protagonista, um veterano que esteve no Vietnã, em defesa de algo que acreditava e que, dia após dia, vem vivendo uma rotina que desmente sua visão anterior, uma rotina em que a "sua América" vai se transformando, gradativamente, se transfigurando em outra América, quase totalmente dissipada pelo vício, violência e prostituição. O que Travis contempla, mas não compreende é que, numa sociedade mercantil, calcada no interesse privado, onde reinam as leis do mercado, tudo tem um preço e a luta entre os "que tem" e os que "não tem" se manifesta numa guerra civil não declarada que leva o caos aos grandes centros urbanos. A paciência de um homem tem limites e quando a fragilidade humana ultrapassa qualquer tipo de compreensão e tolerância, o ser humano encontra-se prestes a explodir. Esta detonação começa a se desenhar ao longo do filme, preparando o espectador para um final de ação verdadeiramente intenso. Acompanhado por uma mudança radical de visual, Travis atinge os seus limites, esgotando a sua fúria em momentos que até hoje retratam um dos finais mais marcantes da história do cinema de ação. Taxi Driver não é, contudo, um filme fácil de digerir. A sua brutalidade visual expressa uma realidade perturbadora e por vezes incompreensível, complementado por diversas sequências de planos que permitem uma profundidade ampla no que respeita à sua contemplação visual. A propósito: "Você tá falando comigo?(Are you talking to me?)" Não só por esta célebre fala, diante do espelho, que teve milhões de imitadores por todo o mundo, mas por ter sido o filme que despertou os olhos do mundo cinéfilo para esta grande estrela, Robert de Niro, e, ao mesmo tempo, simbolizar quase à perfeição, o caráter caótico das Megalópolis no tocante às relações humanas e destruição dos laços fundamentais de solidariedade e urbanidade das antigas cidades, Taxi Driver, apesar de alguns defeitos intrínsecos e de uma visão um tanto pequeno burguesa - tendente ao fascismo - do diretor Martin Scorscese, acabou por se tornar um clássico do cinema.
RMVB
LEGENDADO

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Um comentário:

Fernando Luiz disse...

O "sonho americano", Alborges, era o mesmo de sempre: o de que a América fosse sempre o país da oportunidade (The shinning city in the Hill), onde qualquer um, com esforço e talento poderia chegar "aos píncaros da glória". Além, é claro, de os EUA sempre continuarem mandando e desmandando no mundo como fizeram desde o final da Segunda Grande Guerra. Os soviéticos nem atrapalhavam tanto, pois logo os "valorosos e brilhantes" cientistas yankees achariam um jeito de varrer a ameaça vermelha de uma vez por todas, deixando o mundo "livre" para se tornar uma verdadeira constelação de "Cingapuras". A Guerra do Vietnã foi apenas um dos ápices do processo de desmantelamento desse "sonho" ridículo, mantido principalmente pela classe média trabalhadora americana (aquele cara que vemos nos filmes comendo sua marmita no alto do arranha-céu em construção. Ou melhor: Flintstones ou Jetsons). O assassinato de Kennedy, a vergonha da derrota no Vietnã e o escândalo de Watergate foram mais do que suficientes para que o "sonho" americano virasse pesadelo. Não há nada errado em sonhar, mas não custa nada verificar, de vez em quando, se o sonho tem alguma base de sustentação, não acha? O filme de Scorcese mostra isso e o tema se tornaria recorrente, como mostrariam mais tarde os diversos Rambos, Nascido em 4 de Julho, Hamburguer Hill, Platoon. Os pais americanos, que se achavam os salvadores do mundo ao enviar os filhos para defender a democracia e os recebiam de volta aos magotes, com os miolos estourados, dentro de caixões cobertos com a "bandeira das listras e estrelas", ou completamente loucos ou estropiados, sem braços, pernas, olhos, etc. E o pior de tudo: acabavam descobrindo que seus "garotos de ouro", sempre "doidões" de tanta maconha e heroína eram, na verdade, assassinos frios e sanguinários, além de corruptos e estupradores. Assim não há sonho que resista!