
Clássicos do Cinema Nacional - 1985
A década de 80 foi marcada por diversas guerras civis e conflitos externos, lado a lado com os rigores ideológicos da Guerra Fria. Boa parte da América Latina permanecia governada por regimes ditadorias sustentados, em grande parte, pelos Estados Unidos, os quais estavam ainda centrados na política de counter-insurgency - matriz da intervenção armada no Laos, Camboja e Vietnã -, inaugurada já na década de 60 por Kennedy, que desisitira da política cosmética da Aliança Para o Progresso, passando a dar ênfase à "contençao" do "comunismo". Ronald Reagan dera nova vida à oposição aberta à União Soviética, ao menos verbalmente. Nenhum ato mais ousado ou agressivo foi feito pelo presidente-ator contra a URSS, propriamente. Entretanto, o reflexo desta retórica anticomunista foi dar mão livre às ditaduras ao redor do mundo. Ainda assim, alguns países viviam momentos de anistia e redemocratização. Era o caso do Brasil. Dentro desse contexo histórico, Hector Babenco produziu "O Beijo da Mulher Aranha". Reconhecido internacionalmente por "Pixote", Babenco realizou este filme em co-produção com estúdios americanos. A história passa-se numa prisão qualquer da América do Sul(podendo ser em qualquer país latino amaricano, porque a realidade política era, então,igual), onde dois prisioneiros dividem a mesma cela. Molina , interpretado por Willian Hurt ("PArque Górki", "Marcas da Violência", "NA Natureza Selvagem", "Ponto de Vista") é um homessexual preso por um comportamento imoral e companheiro de cela de Valentin(um revolucionário), interpretado por Raul Julia ("Os Olhos de LAura Mars", "Luar Sobre Parador", "Conspiração Tequila", "Acima de Qualquer Supseita"). A forma como Babenco nos mostra este relacionamento claustrofóbico e violento é o ponto mais importante do filme. O realizador passeia na mente de Molina, que foge da realidade criando filmes na sua cabeça equilibrando com o sofrimento da tortura a que Valentin é submetido diariamente. À medida que o filme avança, vemos-nos completamente absorvidos pela história e não sabemos distinguir em que tempo e espaço estamos. Os sonhos de Molina, os seus filmes, amenizam o sofrimento que vemos em Valentin. E a relação dos dois é consequência de um jogo de cumplicidade.William Hurt viu o seu papel de homossexual ser premiado com um Óscar(o único da sua carreira), e este filme deu um novo ânimo á carreira da atriz Sônia Braga. Entre os muitos atores brasileiros que fazem parte do elenco contam-se: José Lewgoy, Milton Gonçalves, Nuno Leal Maia, Herson Capri e Miguel Falabella, entre outros. Um dos grandes filmes do cinema nacional.
RMVBA década de 80 foi marcada por diversas guerras civis e conflitos externos, lado a lado com os rigores ideológicos da Guerra Fria. Boa parte da América Latina permanecia governada por regimes ditadorias sustentados, em grande parte, pelos Estados Unidos, os quais estavam ainda centrados na política de counter-insurgency - matriz da intervenção armada no Laos, Camboja e Vietnã -, inaugurada já na década de 60 por Kennedy, que desisitira da política cosmética da Aliança Para o Progresso, passando a dar ênfase à "contençao" do "comunismo". Ronald Reagan dera nova vida à oposição aberta à União Soviética, ao menos verbalmente. Nenhum ato mais ousado ou agressivo foi feito pelo presidente-ator contra a URSS, propriamente. Entretanto, o reflexo desta retórica anticomunista foi dar mão livre às ditaduras ao redor do mundo. Ainda assim, alguns países viviam momentos de anistia e redemocratização. Era o caso do Brasil. Dentro desse contexo histórico, Hector Babenco produziu "O Beijo da Mulher Aranha". Reconhecido internacionalmente por "Pixote", Babenco realizou este filme em co-produção com estúdios americanos. A história passa-se numa prisão qualquer da América do Sul(podendo ser em qualquer país latino amaricano, porque a realidade política era, então,igual), onde dois prisioneiros dividem a mesma cela. Molina , interpretado por Willian Hurt ("PArque Górki", "Marcas da Violência", "NA Natureza Selvagem", "Ponto de Vista") é um homessexual preso por um comportamento imoral e companheiro de cela de Valentin(um revolucionário), interpretado por Raul Julia ("Os Olhos de LAura Mars", "Luar Sobre Parador", "Conspiração Tequila", "Acima de Qualquer Supseita"). A forma como Babenco nos mostra este relacionamento claustrofóbico e violento é o ponto mais importante do filme. O realizador passeia na mente de Molina, que foge da realidade criando filmes na sua cabeça equilibrando com o sofrimento da tortura a que Valentin é submetido diariamente. À medida que o filme avança, vemos-nos completamente absorvidos pela história e não sabemos distinguir em que tempo e espaço estamos. Os sonhos de Molina, os seus filmes, amenizam o sofrimento que vemos em Valentin. E a relação dos dois é consequência de um jogo de cumplicidade.William Hurt viu o seu papel de homossexual ser premiado com um Óscar(o único da sua carreira), e este filme deu um novo ânimo á carreira da atriz Sônia Braga. Entre os muitos atores brasileiros que fazem parte do elenco contam-se: José Lewgoy, Milton Gonçalves, Nuno Leal Maia, Herson Capri e Miguel Falabella, entre outros. Um dos grandes filmes do cinema nacional.
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Inaugurando a sessão Comentários Extensos, temos um texto do Fenando Luiz que ajuda a complementar as informações sobre o background histórico da época em que "O Beijo da Mulher Aranha" foi filmado. Assim como no Blog do Alborges, qualquer comentário mais extenso e relevante será inserido no corpo da postagem a que se refere, como forma de dar o merecido destaque à opinião daqueles que são a razão de ser dos nossos blogs: o leitor-usuário. Caro Fernando, abusarão o quanto nós - povo - permitirmos.
Comentários Extensos
Fernando Luiz disse...
Alguns estranham o título do filme. A explicação pode ser encontrada, talvez, na situação política encontrada no continente Americano, na época. A política da contra-insurgência, filha bastarda das políticas igualmente bastardas do "Walk Softly and Carry a Big Stick!" (ande com cuidado/suavidade e carregue um porrete!) do famigerado Teddy Roosevelt e da "América para os Americanos", do igualmente famigerado James Monroe, estendia seus tentáculos, ou melhor, suas teias, sobre todas as Américas, consideradas pelos Estados Unidos da América com o seu "quintal". Por isso, levar o beijo da mulher aranha era ser tragado pela política de preservação do "mundo livre" das influências nefastas dos comunistas. Quem se encarregava disso era a auto-nomeada "polícia do mundo", os EUA. As cenas vistas no filme mostram a influência de bastidores dessa política nos destinos dos países sul-americanos. Quem lembra daquele tempo sombrio, tem frescos na memória fatos como o assassinato do presidente chileno Salvador Allende, o acidente misterioso que vitimou o presidente panamenho Omar Trujillos e muitos outros que mostram a ação subreptícia (e reptílica) da horrenda "Agency" no continente. No Brasil, as passeatas em prol da defesa da Família, Pátria e Propriedade, "ajudas de custo" a governos estaduais que se opunham francamente ao governo Goulart, etc. são exemplos de como a teia se apertava cada vez mais sobre o nosso e os demais países da América Latina. O filme vale, também, pela interpretação do elenco, destaque para o saudoso Júlia, que inclusive, viveu o papel do seringueiro brasileiro Chico Mendes no filme Amazônia em Chamas (The Burning Season). Este O Beijo da Mulher Aranha é um ótimo filme que, com certeza, fará seu sangue ferver de raiva ao perceber como nosso país aceitava (e aceita) exercer um papel de cão de guarda dos interesses norte-americanos na América do Sul. Quosque tandem abutere patientia nostra, EUA (e governo brasileiro)?
2 de Agosto de 2009 21:51
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3 comentários:
Alguns estranham o título do filme. A explicação pode ser encontrada, talvez, na situação política encontrada no continente Americano, na época. A política da contra-insurgência, filha bastarda das políticas igualmente bastardas do "Walk Softly and Carry a Big Stick!" (ande com cuidado/suavidade e carregue um porrete!) do famigerado Teddy Roosevelt e da "América para os Americanos", do igualmente famigerado James Monroe, estendia seus tentáculos, ou melhor, suas teias, sobre todas as Américas, consideradas pelos Estados Unidos da América com o seu "quintal". Por isso, levar o beijo da mulher aranha era ser tragado pela política de preservação do "mundo livre" das influências nefastas dos comunistas. Quem se encarregava disso era a auto-nomeada "polícia do mundo", os EUA. As cenas vistas no filme mostram a influência de bastidores dessa política nos destinos dos países sul-americanos. Quem lembra daquele tempo sombrio, tem frescos na memória fatos como o assassinato do presidente chileno Salvador Allende, o acidente misterioso que vitimou o presidente panamenho Omar Trujillos e muitos outros que mostram a ação subreptícia (e reptílica) da horrenda "Agency" no continente. No Brasil, as passeatas em prol da defesa da Família, Pátria e Propriedade, "ajudas de custo" a governos estaduais que se opunham francamente ao governo Goulart, etc. são exemplos de como a teia se apertava cada vez mais sobre o nosso e os demais países da América Latina. O filme vale, também, pela interpretação do elenco, destaque para o saudoso Júlia, que inclusive, viveu o papel do seringueiro brasileiro Chico Mendes no filme Amazônia em Chamas (The Burning Season). Este O Beijo da Mulher Aranha é um ótimo filme que, com certeza, fará seu sangue ferver de raiva ao perceber como nosso país aceitava (e aceita) exercer um papel de cão de guarda dos interesses norte-americanos na América do Sul. Quosque tandem abutere patientia nostra, EUA (e governo brasileiro)?
Gostaria de acrescentar um pequeno comentário sobre as relaçoes atuais entre Brasil e EUA e as do passado. Os mais novos não deverão lembrar-se disso, mas, após o Golpe Militar de 1964, o primeiro presidente militar foi Castello Branco. Durante seu governo, alguém do alto escalão do governo norte-americano de Kenndy ou Lyndon Johnsson (se não me engano. Talvez o alborges possa me ajudar nessa!), se é que não foi o próprio presidente, disse que "Castelo is our boy!", querendo, com isso, dizer que o governo brasileiro estava "alinhado" com as diretrizes norte-maerricanas. Capacho e cão de guarda, em suma. Agora, cerca de cinquenta anos depois, Barack Obama vem dizer que "Lula é o cara!". Ironia do novo presidente americano? História que se repete em farsa? e pensar que nosso presidente, que antigamente, nos palanques políticos e discursos irados aos metalúrgicos "decia a lenah" nos americanos, agora parece ter orgasmos de alegria por ser tratado com "deferência" pelos "buanas" do páis do Norte...Lamentável!
Fernando Luiz,
A frase "Castello is our boy" é do jornal Business Week. Só agora reparei neste seu segundo comentário
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