
Clássicos do Cinema - 1967
Poucas sensações em cinema se comparam a acompanhar um filme de Godard. "Weekend à Francesa" é um dos filmes do mestre francês que mais estimula essas sensações. Um filme político dos pés à cabeça. Há uma mistura de idéias fervilhantes, que estavam no ar, na segunda metade da década de 1960, que culminaria na quase revolução de Agosto de 1968. Neste filme, o diretor francês rompia de vez com as narrativas convencionais, criando uma alegoria alucinada que anunciava o apocalipse provocado pelo extremado consumismo capitalista e o retorno do ser humano à barbárie. Godard faz uma mistura (algo confusa) do espírito revolucionário tipicamente francês com idéias marxistas e paramarxistas, antecipando a explosão revoltosa de maio de 68. Até dá uma de Buñuel numa coletânea de seqüências (malucas) maravilhosas. A abertura do filme é uma tomada de um longo engarrafamento numa auto-estrada francesa, fazendo a câmera andar quase 300 metros neste take. Outra cena, mostra a mulher descrevendo ao marido algumas relações sexuais extraconjugais que tivera.
Na época do lançamento, Godard era o cineasta-referência de todos os demais cineastas, o homem que estava revolucionando a linguagem clássica dos filmes. Ele criara uma nova técnica de edição (o jump cut – cortes que rasgavam a continuidade espaço-temporal dentro das cenas de modo radical), inseria a metalinguagem e empurrava as fronteiras do cinema narrativo. No início, o filme até tenta manter uma unidade narrativa mais próxima do convencional. A história acompanha um casal, Roland (Jean Yanne) e Corinne (Mireille Darc), tendo uma longa e explícita conversa a respeito de sexo extraconjugal. Eles decidem pegar o carro e viajar até a casa dos pais dela, mas a viagem nunca chegará até o final – porque Godard decide transformá-la numa metáfora para o fim da civilização como a conhecemos, devido aos hábitos consumistas gerados pela educação capitalista. Aí o filme vira um road movie aloprado, repleto de carros incendiados, cadáveres jogados na estrada, figuras históricas redivivas e terroristas canibais.
O problema todo é que Godard, posteriormente, levou o experimentalismo ao extremo, trilhando um caminho que acabou por isolá-lo do mundo lá pelos meados dos anos de 1970. Apesar de toda loucura, com exageros de metalinguagem (“que filme podre! Tudo o que encontramos é gente doida!”, diz Roland em certo momento) e ainda, (“Estou aqui para informar o fim da era da linguagem e o início da era das extravagâncias, especialmente no cinema”, grita outro personagem), o longa-metragem em si é extremamente bem filmado, com um trabalho maravilhoso do grande Raul Coutard, o fotógrafo que colaborou com Godard durante toda a primeira fase da carreira do mestre francês. Além do travelling pioneiro, há pelo menos mais um plano-seqüência fenomenal, em que a câmera traça um giro de 360 graus em torno de uma cena fulminante, na qual um pianista que dá carona ao casal discursa sobre a importância de Mozart para a música contemporânea. "Weekend à Francesa": cinema agressivo, engajado e corrosivo que abriu caminho para visões radicais como "Clube da Luta".
RMVBNa época do lançamento, Godard era o cineasta-referência de todos os demais cineastas, o homem que estava revolucionando a linguagem clássica dos filmes. Ele criara uma nova técnica de edição (o jump cut – cortes que rasgavam a continuidade espaço-temporal dentro das cenas de modo radical), inseria a metalinguagem e empurrava as fronteiras do cinema narrativo. No início, o filme até tenta manter uma unidade narrativa mais próxima do convencional. A história acompanha um casal, Roland (Jean Yanne) e Corinne (Mireille Darc), tendo uma longa e explícita conversa a respeito de sexo extraconjugal. Eles decidem pegar o carro e viajar até a casa dos pais dela, mas a viagem nunca chegará até o final – porque Godard decide transformá-la numa metáfora para o fim da civilização como a conhecemos, devido aos hábitos consumistas gerados pela educação capitalista. Aí o filme vira um road movie aloprado, repleto de carros incendiados, cadáveres jogados na estrada, figuras históricas redivivas e terroristas canibais.
O problema todo é que Godard, posteriormente, levou o experimentalismo ao extremo, trilhando um caminho que acabou por isolá-lo do mundo lá pelos meados dos anos de 1970. Apesar de toda loucura, com exageros de metalinguagem (“que filme podre! Tudo o que encontramos é gente doida!”, diz Roland em certo momento) e ainda, (“Estou aqui para informar o fim da era da linguagem e o início da era das extravagâncias, especialmente no cinema”, grita outro personagem), o longa-metragem em si é extremamente bem filmado, com um trabalho maravilhoso do grande Raul Coutard, o fotógrafo que colaborou com Godard durante toda a primeira fase da carreira do mestre francês. Além do travelling pioneiro, há pelo menos mais um plano-seqüência fenomenal, em que a câmera traça um giro de 360 graus em torno de uma cena fulminante, na qual um pianista que dá carona ao casal discursa sobre a importância de Mozart para a música contemporânea. "Weekend à Francesa": cinema agressivo, engajado e corrosivo que abriu caminho para visões radicais como "Clube da Luta".
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